Preguiça-de-bentinho
(Bradypus variegatus)
Outros nomes comuns
Preguiça-de-óculos
Preguiça-comum
Preguiça-marmota
Taxonomia
Ordem: Pilosa
Família: Bradypodidae
Descrição
Esta preguiça tem comprimento de cabeça e corpo de 52 a 54 cm, uma cauda vestigial de uns 5 cm e pesa cerca de 3,7 a 6 kg. Os membros anteriores são longos (37– 45 cm) e os posteriores são relativamente curtos (32–37 cm). Seu corpo está coberto por uma pelagem longa, grossa e grisalha, muitas vezes parece esverdeada devido as algas que crescem em seu pêlo. Sua face possui uma franja escura sobre uma cor mais clara e mais marrom, dando a aparência de uma máscara. Os machos têm uma mancha dorsal de pêlos mais curtos de cor creme a alaranjada, com uma franja escura que se extende verticalmente pelo centro de suas costas.
Distribuição
Esta espécie de preguiça se distribui do norte de Honduras até o sul da América Central. Na América do Sul ocorre da Colômbia até o oeste e sul da Venezuela, bem como ao sul do Equador, leste do Perú, Bolívia e na maior parte do Brasil.
Habitat e Ecologia
Bradypus variegatus tem sido registrada em vários tipos de florestas, incluindo as florestas estacionais semideciduais (Mata Atlântica do interior), floresta nublada e as florestas tropicais de terra baixa. Também ocorre em plantações de cacau (Theobroma cacao) na Costa Rica. De fato, as florestas em regeneração, como as perturbadas pelas plantações de cacau, podem proporcionar um crescimento populacional positivo para essa espécie.
As preguiças-de-bentinho geralmente são mais ativas durante o dia. O tamanho da área de vida varia de 0,1 a 19 hectares e um indivíduo se desloca apenas 40 m por dia, aproximadamente. A densidade populacional foi estimada entre 0,6 a 8,5 animais por hectare. A espécie tem a capacidade de resistir a mudanças de habitat. Os indivíduos que perdem parcial ou totalmente seus habitats são capazes de utilizar os recursos oferecidos pelos fragmentos de vegetação em áreas urbanas, tanto em áreas preservadas ou restauradas (parques, reservas) quanto naquelas utilizadas para arborização urbana. Esse fato refere-se principalmente à região da Mata Atlântica do Brasil, que se tornou um ambiente muito crítico para a sobrevivência de B. variegatus devido ao alto grau de antropização relacionado ao crescimento de inúmeras cidades ao longo da costa do Brasil. A espécie também é comumente encontrada em praças públicas, onde a densidade pode alcançar 12,5 animais por hectare. Embora utilize muitas espécies de árvores, esta preguiça geralmente tem preferência por algumas árvores em sua área de vida, onde passa a maior parte do tempo descansando e se alimentando.
Reprodução
A preguiça-de-bentinho reproduz um filhote por gestação em intervalos de, no mínimo, 19 meses. O período reprodutivo varia dependendo do ano e da região geográfica, mas ocorre geralmente na primavera (i.e., de julho a novembro na América do Sul e de fevereiro a maio na América Central). A gestação é de cerca de 6 meses. O filhote depende completamente da sua mãe durante ao menos 100 dias, durante os quais fica agarrado à sua barriga.
dieta
Ela é estritamente folívora e come as folhas na copa das árvores. Ela pode se alimentar de mais de 50 espécies de plantas e prefere as folhas jovens. Sua digestão é extremamente lenta e ela desce até o solo para defecar somente uma vez na semana.
Fatos curiosos
As preguiças, as algas e certas traças têm uma relação mutualística. No pêlo das preguiças há sulcos profundos ou fendas colonizadas por algas. As traças que vivem na pelagem das preguiças proporcionam os nutrientes que as algas precisam para crescer. Quando as preguiças descem para defecar, transportam as traças até suas fezes (latrina), onde esses insetos botam seus ovos. As larvas das traças se alimentam das fezes. Quando a preguiça volta a descer, as traças adultas passam das fezes à pelagem, fechando o ciclo. As algas protegem as preguiças dos predadores através da camuflagem tornando a pelagem esverdeada, mas elas também podem ser usadas como recurso alimentar.
Tendência populacional
Declinando.
Ameaças
Como ocorre com outras espécies, a degradação e a fragmentação severas do habitat parecem ser a principal ameaça à espécie. Algumas subpopulações, especialmente na Colômbia e na Mata Atlântica no Brasil, estão declinando devido ao desmatamento. Na Bolívia, a expansão agroindustrial foi acompanhada por grandes incêndios florestais em 2019-2021, que afetaram cerca de 5 milhões de hectares. Embora seu impacto sobre as preguiças não tenha sido quantificado, há relatos de preguiças que morreram durante esses incêndios.
Também são capturados pelas comunidades indígenas locais. Indivíduos silvestres capturados, especialmente filhotes, são vendidos como pet aos turistas na Colômbia, Bolívia e Honduras. Esse comércio ilegal está aumentando e representa um motivo de preocupação devido ao impacto causado nas populações silvestres. A espécie é procurada por turistas na América Central e do Sul, incluindo a Amazônia peruana e brasileira, como uma atração para o mercado de “selfies”. As mortes por atropelamento nas rodovias também são frequentes.
Estado de conservação
Bradypus variegatus está na categoria Menos Preocupante (LC) devido a sua ampla distribuição que inclui uma grande parte da Floresta Amazônica, sua potencialmente grande população e sua presença em várias áreas protegidas. Embora existam ameaças, como a perda de habitat devido ao desmatamento, incêndios florestais, comércio ilegal e o uso de indivíduos selvagens para o turismo de selfies, não se acredita que elas estejam causando declínios significativos na população global. No entanto, elas podem fazê-lo em nível local e justificar a inclusão da espécie em uma categoria ameaçada nas Listas Vermelhas regionais. Está incluída no Apêndice II da CITES.