Preguiça-de-coleira-do-nordeste

(Bradypus torquatus)

Outros nomes comuns

Preguiça-do-norte
Preguiça-preta-do-norte

Taxonomia

Ordem: Pilosa
Família: Bradypodidae

Descrição

Essa preguiça tem um comprimento cabeça-corpo de 53 a 62,5 cm e uma cauda curta de 4 a 5,5 cm. Ela pesa cerca de 1,8 a 6,9 kg. Os machos da preguiça-de-coleira são menores do que as fêmeas. A pelagem é marrom, com pelos longos e grossos, muitas vezes colonizados por algas. Tanto os machos quanto as fêmeas têm crinas pretas ao redor da região dorsal do pescoço.

dieta

Trata-se de um folívoro estrito que, individualmente, se alimenta de um número relativamente pequeno de plantas. Um estudo descobriu que eles consumiam de 1 a 17 espécies de plantas no sul da Bahia.

Reprodução

As fêmeas dão à luz um único filhote por ano.

Distribuição

Bradypus torquatus é restrito às florestas costeiras atlânticas do leste do Brasil, onde sua distribuição é descontínua. Atualmente, a parte sul do estado da Bahia é o principal reduto da espécie. Registros recentes confirmaram a espécie no estado de Sergipe. Sua distribuição ao norte é atualmente delimitada pelo rio Vaza-Barris, na Mata Atlântica costeira do centro-sul de Sergipe. A parte mais ao sul da distribuição é delimitada pelo rio Mucuri, na Mata Atlântica do sul da Bahia.

Fatos curiosos

Diferente de outras espécies de Bradypus, o macho da preguiça-de-coleira não tem a mancha dorsal ou espéculo.

Tendência populacional

Decrescente.

Habitat e Ecologia

Essa espécie, em grande parte arbórea, é encontrada em florestas tropicais úmidas. A maioria dos registros é de florestas sempre verdes e apenas alguns avistamentos são de florestas semidecíduas. Ela pode ser encontrada em florestas secundárias em regeneração e agroecossistemas sombreados, como cabrucas (plantação de cacau sob floresta nativa no sul da Bahia). A preguiça-de-coleira é ativa durante o dia e à noite, embora a atividade mais regular ocorra durante o dia. A preguiça-de-coleira sobe lentamente e se posiciona na parte de baixo dos galhos. O maior movimento individual registrado de uma preguiça-de-coleira foi de mais de 300 m em 5,5 horas. A área de vida foi estimada em 1 a 13,7 hectares. A longevidade na natureza é de pelo menos 12 anos.

Ameaças

A expansão de áreas agrícolas, pastagens, plantações de madeira e celulose e a expansão urbana – com a consequente perda de habitat – são as principais ameaças à espécie. Embora a taxa de desmatamento na Mata Atlântica do leste do Brasil tenha diminuído drasticamente nas últimas três décadas, ela não parou e vem aumentando desde 2020, de modo que a pressão sobre seu habitat continua. Isso é particularmente verdadeiro nos estados do norte da Bahia e no estado de Sergipe, onde o desmatamento ilegal ou não regulamentado por vários motivos, incluindo a expansão da agricultura (especialmente lavouras e pastagens), expansão urbana, plantações de madeira e celulose e produção de carvão, ainda está ocorrendo. A integridade genética de populações distintas é ameaçada pela liberação de animais confiscados em diferentes locais sem conhecimento ou compreensão de suas origens. Outras ameaças incluem a caça de subsistência, o uso na medicina tradicional e a mortalidade acidental de B. torquatus nas estradas. De fato, a morte nas estradas pode ser considerada um impacto crescente devido à expansão ou duplicação de estradas.

Estado de conservação

O Grupo de Especialistas em Tamanduás, Preguiças e Tatus da IUCN SSC avaliou recentemente o status de conservação dessa espécie. A avaliação está sendo revisada e, portanto, ainda não é definitiva.

Bradypus torquatus é considerado Ameaçado porque tem uma área de ocupação restrita (ou seja, área de habitat adequado) com base na floresta remanescente em sua área de distribuição altamente fragmentada. Sua área de ocupação e seu habitat estão em declínio contínuo devido à perda e à degradação contínuas do habitat na Mata Atlântica brasileira. Além disso, essa espécie, como todas as preguiças, é suscetível a colisões com veículos, um impacto crescente considerando a expansão urbana atual e futura e o desenvolvimento de estradas na região da Mata Atlântica ocupada pela espécie. A caça furtiva ou a captura para o comércio ilegal de animais podem ser ameaças menores, cujo impacto, no entanto, não deve ser ignorado, principalmente em fragmentos florestais menores, onde a população é reduzida a poucos indivíduos.